segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O que é pior: futebol, carnaval, um fusca incendiado ou milhões de olhos vendados?

O que é pior: futebol, carnaval, um fusca incendiado ou milhões de olhos vendados?
Não tenho nada contra esporte, em específico o futebol
Mas simplesmente não me agrada ver pessoas atribuindo-lhe mais valor
Do que ele deveria ter, podem me achar chato
Mas ao menos tenho a coragem de admitir pessoalmente no "país do futebol"
Que a modalidade não me atrai
O início dessa prosa parece tolo, sem propósito nem objetivo
Bastante parecido com as manifestações
"Que cara idiota! Ela só está colocando a opinião dele, o que eu tenho a ver com isso?"
Realmente, você em específico provavelmente privilegiado em ser alfabetizado
E ter acesso à informação, talvez não perceba o quanto estamos interligados
Caso ainda esteja envolto na doentia euforia da falsa felicidade do consumismo
A Copa do mundo está aí, e está cheio de pseudo-intelectuais
Escondidos atrás de títulos acadêmicos, publicações "importantes", livros vendidos
Afogados em suas luxuosas e desprezíveis vidas
Filhos da ignorância, do preconceito e do individualismo doentios
Torcendo para que ela aconteça e discriminando tudo e todos que lutam contra ela
Não tenho nada contra o Carnaval,
Mas não preciso ir ao sambódromo, nem aguardar fevereiro
Vejo meu povo sambando todos os dias
No metrô, no trem, no ônibus lotado
No trabalho mal remunerado, no sonho distante de ser letrado
No suor, na lágrima ou na esmola dada em troca do nosso pão de cada dia
Na televisão eu vi um fusca incendiado
E a discussão cai de novo em cima dos mascarados
Tragédia familiar, tinha criança no carro, não podia incendiar
E mais uma vez os milhões de olhos vendados com seus palpites equivocados
Desviam a atenção dos verdadeiros culpados
Os engravatados, os políticos safados, os corruptores e corruptíveis
O sistema e o capital
Vão explorar o tema até esgotar
Discutir calorosamente trocando farpas na redes sociais
Afastando-se cada vez mais um do outro quando deveriam se aproximar
Para concretizar a justiça social e o bem comum
Minha prosa não termina aqui, assim como a luta dos que despertaram
Para o real sentido e significado da vida
Ajudar, compartilhar e colaborar
Minha prosa não é em vão, tem jeito e motivo de ser
Sede e vontade não só de viver, mas principalmente
De cuidar, fazer viver, valer, evitar o sofrer.
Eu vejo milhões de olhos vendados submissos a um trono desocupado
O trono dos reis da impunidade, que aparecem na mídia
Confusos, desesperados, vendo se desfazer seus planos articulados
Eu vejo milhões de olhos vendados que não perceberam
O poder e a plenitude que lhe foram depositados
Eu vejo milhões de olhos vendados subordinados
Se não por ignorância, pela falta de coragem e atitude em construir
E deixar o seu legado.

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