segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Se me restasse só um dia

Se me restasse só um ano de vida
Largaria meu emprego
Gastaria minhas economias
Brincaria mais com as minhas sobrinhas
Me aproximaria mais dos meus sobrinhos
E viveria intensamente com meus pais e irmãos.

Se me restasse só um mês
Daria um jeito de ver
E conversar com todos os meus amigos.

Se me restasse só uma semana
Pediria e buscaria o perdão
De todos aqueles a que magoei,
Trai ou ofendi de alguma forma.

Se me restasse só um dia
Não me preocuparia com nada,
Faria somente uma poesia.

E foi assim que aprendi
A viver dia-a-dia.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Setênios

Até os 7 anos,
Saúde frágil, perfeccionismo
Inconformação com
Os cenários desiguais,
Desejo de prosperidade
Felicidade e igualdade
Aos demais.
Sensibilizado com
A fragilidade dos grupos
E organizações sociais
Preocupação com a saúde
E doenças que se ouvia falar.
Mas, com o tempo
Viera a muitos dizimar.
Inconformação com o
Sistemas de educação,
Da decoreba e da punição.

Até os 14,
Feito criança,
Brincar, aprontar.
Um mundo novo
A descobrir, explorar.
Jogar taco, bola
Esconde-esconde,
Pega-pega,
Andar de patins,
Empinar pipa,
Andar de bicicleta
Não havia celular.
Bebia água da torneira.
Saia pela manhã e
Voltava no final da tarde,
Sem o perigo encontrar
Nem a preocupação despertar.
A vida era tranquila.
Amava vídeo-games.
Seguia os estudos à risca.
Rodeado de amigos, era
Um ritual, quase natural
Encontrar-se nas primeiras
Horas do dia
Montando mais um roteiro
De folia

Até os 21,
Decisões importantes,
Escolher uma profissão.
Ir adiante, servi de exemplo.
Mudança de hábitos e
Comportamentos.
Admiravam-me pela coragem
Pela vontade, perseverança
E movimento.
Mas, mal sabiam o que se
Passava aqui dentro.
Tristeza, sofrimento,
Dificuldade de desprendimento.
Ultrapassados esses sentimentos.
Cai na gandaia,
Namorei, bebi
Dancei, festejei
Flertei, me perdi
Esse tempo foi
Tão intenso e rápido
Que quase não vi passar.

Até os 28
Faculdade, folia
Exercício da profissão,
Dedicação ao trabalho
E preocupação com carreira,
Mais do que devia.
Paguei um preço caro,
Com a doença que me
Visitava e a saúde
Que se esvaia.
Diversas namoradas
Todas intensamente amadas.
Porém, bruscamente abandonadas,
Por meu medo de assumir
Maior proximidade
Ou de pai vir a ser.
Em tudo que era curso
Alia estava
A antiga e intensa vida
Social dizimada
Um desejo profundo de
Mudar o mundo
Numa busca incansável
Junto aos que pensavam
Chegar no mesmo intuito
O sofrimento, aprendizado
Me ensinara.
A dor que parecia infindável,
Sufocante e perversa,
Se amenizara.
Outras crises vieram
E escolhera um cargo público,
Onde as leis são respeitadas.

Hoje, quase 30.
Aprendi que o externo
Não posso controlar,
E ser atingido é decisão minha,
Que não me cabe aceitar.
Percebi que para mudar o mundo,
É preciso mudar internamente.
E não troco por nada uma
Viagem ao meu interior
Sou novo pensador e escritor.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Quando mergulhei no meu Eu

Ontem fiz uma viagem arriscada, inesquecível
Não havia passagens de ida, nem de volta
Não sabia exatamente o quanto iria durar
Não havia equipamentos de segurança
Não havia garantias, nem direção
Quando mergulhei no meu Eu
Sem saber exatamente onde estava
Pude contemplar numa paisagem turva
Todos aqueles que me alegraram, acompanharam
Magoaram, traíram, decepcionaram; profundamente.
Diferente do que fizera outrora, pude amá-los
Infinitamente, e ofereci um abraço
E meus melhores sentimentos, sem hesitar.
Até mesmo àqueles que se esquivavam ou davam-me
As costas procurando distância.
Pude olhar para mim mesmo, limpar-me
E aprender a admirar cada uma de minhas cicatrizes
Pude olhar ao meu redor e remover todo o entulho
Que minha invigilância deixou acumular.
Podei as árvores, cuidei das plantas,
Retirando toda a tristeza daquele lugar.
Hoje acordei feito menino, alegre, livre
E percebi que essa viagem nunca deve terminar.